Nélson Almeida
NÉLSON RIBEIRO DE ALMEIDA nasceu em Capela-AL, no dia 19 de maio de 1912. Seu dom musical foi herdado da sua mãe, Isaura Ribeiro de Almeida, que era uma grande pianista. Em meados dos anos 30 ficou viúvo, tendo nascido deste primeiro matrimônio um único filho, Jackson, grande músico violonista, já falecido. Em 04 de novembro de 1939, casou-se com Berenice Jatobá de Almeida, em Viçosa-AL, cidade onde moraram por muitos anos. Deste matrimônio, nasceram 12 filhos: Celso, Nelsinho, Maria Célia, Efigênio, João Pedro, Betânia, Nelice, Nélber, Glória, Marta, Márcia e Márcio.
Foi funcionário público federal, exercendo, durante mais de 03 décadas, o cargo de Fiscal do Instituto do Açúcar e do Álcool, onde se aposentou. Homem dedicado ao lar, caseiro, não tinha outro hobby senão a música. Começou a compor na década de 50 e gravar na década de 60, em casa, utilizando um pequeno gravador de rolo, italiano, da marca Geloso. Entretanto, a maioria de suas gravações foi feita em um gravador alemão, também de fitas de rolo, da marca Grundig. Com os poucos recursos técnicos, existentes na época, fazia “milagres”. Algumas pessoas não acreditavam que, sozinho, fosse capaz de gravar, tocar e se fazer acompanhar de vários instrumentos, como: piano, escaleta, pianola, violão, cavaquinho e percussão, juntando depois, todos eles, perfeitamente sincronizados, numa única música.
Além dos 13 filhos, a cada ano, foram chegando genros, noras, netos, bisnetos e tataraneto e a residência de Nélson foi ficando cada vez menor, não só para acolher toda família, mas também para fazer suas gravações. Nem por isso parou de gravar. Pelo contrário. Certa manhã, inspirado, ligou seu gravador de rolo e começou a compor uma música ao piano. Terminada a gravação ouviu que, além do som do piano, tinha também o grito de uma criança, notando que era de um dos seus netos: não teve dúvidas, batizou a música de Grito de Criança. Em 18 de abril de 1960, realizou o seu grande sonho, que era o de gravar um disco de 78 rotações (acetato ou disco de vinil), quando contratou, para isso, os serviços do locutor e técnico em gravação Luiz de Barros. As gravações desse disco foram realizadas em uma das salas de sua residência, à Rua Comendador Palmeira, nº 444, no bairro do Farol, Maceió-AL.
Vários problemas ocorreram no dia da gravação, pois eram feitas diretamente em acetatos e caso houvessem erros, estes não poderiam ser corrigidos. Dentre vários, destaca-se o caso de uma das faixas que, por falha, houve um esquecimento do técnico e o volume ficou em zero, ficando muda a gravação. Mesmo assim, o sonho foi realizado. Não faltava em seu acervo musical LP’s de Jacob do Bandolim, Luperce Miranda e de Waldir Azevedo, de quem era fã incondicional. Também na década de 60 fez parte do Conjunto Novo Horizonte, substituindo o pianista Antônio Paurílio nos programas de auditório da Rádio Difusora. Dentre vários músicos com quem tocou, Nélson gostava muito de tocar com o José Vicente (já falecido), pois este com suas habilidades musicais no cavaquinho interpretava, com facilidade, as músicas de sua autoria. Também tinha grande admiração pelo músico Zailton Sarmento que, no início da década de 70, começava a se revelar como um grande solista e talvez um dos poucos a quem confiou emprestar seu cavaquinho da marca Do Souto, uma raridade, presenteado pelo seu filho Efigênio. Como não possuía pedestal, este era, sempre, substituído por algum dos seus filhos, que ficava atrás do piano segurando o microfone, a fim de obter uma melhor captação de suas gravações. Nélson Almeida faleceu, em Maceió, em 08 de junho de 1982.